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terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sintomas de stress pós-traumático podem surgir 30 anos depois!!!

Os sintomas de stress pós-traumático entre os antigos combatentes revelam-se, em alguns casos, apenas 30 anos depois dos conflitos armados, despoletados por cenas de guerra ou som de helicópteros ou metralhadoras - conclui um estudo.
O estudo da médica do Hospital Militar de Coimbra Luísa Sales, apresentado no âmbito do Congresso Nacional de Psiquiatria e Saúde Mental, mostra que, «em determinados indivíduos os sintomas revelaram-se no decorrer do cumprimento do serviço militar, mas registaram-se também manifestações 30 anos depois».
«Do grupo de factores que estão na origem do aparecimento tardio de sintomas destacam-se as cenas de guerra - como, por exemplo, aquando da primeira Guerra do Golfo - e ruídos diversos, como o som de helicópteros ou de metralhadoras», é referido num texto sobre o trabalho, que foi divulgado num painel subordinado ao tema «Stress Pós- traumático - Dados da Investigação Portuguesa».
As alterações do sono são os sintomas mais frequentes do stress pós-traumático, causado por factores como ferimentos, morte de camaradas, emboscadas, privação de necessidades básicas e vivência de uma situação de prisioneiro de guerra.
O estudo abrangeu um total de 206 ex-combatentes, com idades compreendidas entre os 55 e os 59 anos, e teve por base a análise das consultas de peritagem médico-legal entre Novembro de 2002 e Julho de 2005.
Um outro estudo, apresentado por João Monteiro Ferreira, analisou uma amostra de 91 veteranos de guerra e de 58 mulheres de alguns deles.
Deste grupo, com elementos pertencentes a tropas especiais que efectuaram serviço em África, 66% revelaram sintomas de stress pós-traumático, enquanto 78% das mulheres «são portadoras de condições de stress pós-traumático secundário». in http / palavras-ao-acaso.blogspot.pt
Muitos valdantanos ex-combatentes podem sofrer deste stress e é por isso que chamo a vossa atenção para este grave problema de saúde que o nosso governo teima em desprezar não dando qualquer tipo de apoio. Muitos dos militares ficam doentes e muitas vezes morrem sem saber o que realmente os afectou. Mais grave ainda, ficou demonstrado em estudos recentes que este distúrbio se pode reflectir nos familiares dos militares e prolongar-se por várias gerações.

in Vale da Anta - Blog

3 comentários:

Anónimo disse...

Era muito importante que todos os textos deste blog fossem comentados pricipalmente este que , foi escrito e muito pertinente, nem que seja para sensibilizar as pessoas que, não fazem a minima ideia do sofrimento a todos os niveis eu falo por mim que me aposentei antecipadamente com prejuíso por não poder ser compatível para as pessoas como o fui até aos 26 anos.Eu noto que as pessoas me evitam,até mesmo a família.Um abraço amigo a todos os ex.combatentes.J.Silva bat.2877

Anónimo disse...

Despido de todos os males que me aconteceram na comissão em Angola, desde ter de ir para a mata a comandar quatro pelotões, a rebentar uma aldeia com petardos de TNT, a fazer escoltas num só dia de Lumbala a Teixeira de Sousa, a ir em auxílio de meu pessoal levando-lhes algo de mais para comer do que a pobre ração de combate, como pão e batatas, apenas com um condutor, duas granadas uma pistola Walter e uma G3; a ir a pé com os meus homens verificar um ataque a uma sanzala e descobrir uma mina anti carro que estava preparada como presente de Natal, de ter sido atacado por carraças durante uma operação no Mutumbo e tratado por um cabo enfermeiro que me encharcou de antibióticos, fazendo com que rebentasse o sangue do meu corpo a nível das pernas, braços e cabeça com uma contagem de plaquetas de 16.000, sozinho num T0 da Messe de Oficiais em Nova Lisboa até ter sido prisioneiro e dormir no chão em cima dum cobertor durante meses e antes ter sido ameaçado de morte por elementos da Unita, do MPLA; de não ter aceite servir no Serviço de Informações do Quartel General em Luanda e de em face disso ter efectuado com sacrifício da própria vida e de meus homens, todas as missões que nos foram confiadas. De ir a várias Juntas Médicas ao Hospital da Estrela e por elas saber que tenho uma PTI e ser considerado apto para todo o serviço militar. Lembro aqui o Coronel Comando Guimarães que me preparou. É a homens como ele que eu dedico esta balada, Paz da Neve, a pedir o meu descanso na terra que me viu nascer e pela qual os meus antepassados tanto sofreram:
PAZ DA NEVE
Esta noite, lá no monte
e já bem de madrugada
eu fui à beira da fonte
sua água estava gelada!
-
e depois de dormir leve
por o frio estar a sentir
saí de casa e vi a neve
mui de mansinho a cair!
-
vi a flor de amendoeira
ai qu'é uma branca flor
e eu vi cair de maneira
dos céus belo cobertor!
-
cobria a neve, os galhos
ai da minha amendoeira
e cobria couves e alhos,
lá na horta a laranjeira!
-
cobria a neve meu chão
que tenho de agricultor
e enchia o meu coração
ai de primícias de amor!
-
eu vi surgir uma mulher
com o seu branco manto
lhe pergunto, você quer
quer ser o meu encanto!
-
e na fonte demos beijos
e pelo surgir da aurora
veio o sol com ensejos
de pôr toda a neve fora!
-
abracei a minha amada
e com a bela luz do sol
vi a terra esbranquiçada
como um branco lençol!
-
ai, com o sol se reveste
a terra de branco alvar
e minha noiva se veste
para irmos para o altar!
-
e caía a neve em flocos
como o de fino algodão
e ali eu desfiz os blocos
qu'eu tinha no coração!
-
casei com a minha terra
e já que sou agricultor
houve paz sem a guerra
na terra de meu amor!
-
José Maria dos Santos Silva

Anónimo disse...

Quem passou pelo Marco 25, ainda se recorda do Destacamento que lá estava e do marco que assinalava a fronteira entre Angola e o Congo:
MARCO 25
Militar que lutaste pela tua Pátria
ainda hoje tu guardas as memórias
recordações longe da terra Mátria
como sendo lendas, tuas histórias!
-
o Cazombo tu tens nessa tua mente
de Teixeira de Sousa sua recordação
e de Lumbala, guardas docemente:
um unimogue, a berliet, um camião!
-
marco vinte e cinco era passagem
a que tínhamos em Angola, a mira
vindo de lá numa sã camaradagem;
-
indo a escoltar viaturas de civis
dávamos conta das ciladas e d'ardis
a este marco ainda a gente admira!
-
José Silva