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quinta-feira, 23 de junho de 2011

23 de Junho de 1969

Para recordar, apenas para esse fim, atodos os que por aqui vão dando uma vista de olhos.
Nos ultimos tempos, não temos tido oportunidada  de passar pelo nosso Blogue e escrever algumas palavras.
Hoje, como em outros dias, e agora começa a ser quase no dia a dia, vamos lá saber porquê, surgem imensas recordações da nossa passagem por Angola.
O barulho de motor de um avião monomotor, faz recordar a chegada do correio ou os DO27 que faziam os Revis na nossa área de actuação. Isto é um exemplo.
Hoje a razão deste "esforço" tem a ver com a recordação dos velhos tempos de jovem, as fogueiras e os bailaricos de rua. Tudo programado com muita atencedência.
Assim também aconteceu no mês de Junho de 1969. Fomos colocados num "hotel" à beira Tejo, ali na margem Sul, por baixo do Cristo Rei, especializado em defesa aérea e pertencente a uma organização empresarial chamada Exercito Português.
Como ainda não estávamos muito bem treinados para a nossa missão em África, era da praxe que fossemos tirar um estágio numa zona que se procurava assemelhar o mais próximo possível das zonas de combate em África.
Nem o Pinhal do Rei, ali por cima das arribas da Fonte da Telha, nem as temperaturas e a flora tinham nada a ver com o que fomos encontrar em África, pelo que depois nos fomos apercebendo.
Fizemos um esforço enorme, naquela noite de véspera de São João, ao caminhar em marcha, com equipamento e espingardas G3 em bandoleira, entre Porto Brandão e a Fonte da Telha, passando por entre as festas das várias localidades por onde fomos passando.
Chamavam a este estágio - IAO - Instrução de Adaptação Operação Operacional.

Por lá passamos cerca de 10 dias, entre os pinheiros, imenso pó e calor e uns exercicios de adaptação que apenas serviram para nos mentalizar para o que íamos.
Conhecedor daquela zona, desde miúdo, pois imensas vezes, por aí fui de madrugada, com um peixeiro amigo que de burro ia de madrugada comprar peixe aí apanhado durante a noite. Ou então, com o meu saudoso pai, íamos apanhar "cadelinhas" nas praias da zona.
Para tal, fazíamos então a pé, cerca de 10 quilómetros.
Naquela altura, a Fonte da Telha tinha para mim e para todos nós, uma outra função - era um interlúdio, entre os final das recrutas e especialidades e a ida para a Guerra.
Nessa data, enquanto no Posta da Guarda Fiscal, sobranceiro à descida para a Fonte da Telha, recebíamos as primeiras vacinas, ficamos a saber, por portas e travessas qual era o nosso destino.
Angola, esperava por nós.
Esta véspera de São João, apenas foi um aperitivo, para os longos dois anos que passamos no Norte de Angola.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Guerra Colonial - Literatura

Estamos a coleccionar, em cada Domingo, com a compra do DN e do JN uma série de livros que referenciam muitas situações e acontecimentos da Guerra Colonial.

Vamos dando a conhecer neste blog, as passagens desses livros que referenciam situações passadas na area onde esteve o nosso Batalhão.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Guerra de África


Notas para compreender o seu significado e a maneira e o modo de cada um "ver" a Guerra de África.

Cavaco Silva: "Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.'
In Bichos do Mato: "Na minha aldeia, a vida e o tempo eram medievos. Ainda antes de os galos acordarem o sol, já os moleiros tocavam as bestas a caminho do Côa, que às vezes corria medonho, aos trambolhões de fraga em fraga. Guiados pelos caseiros, soavam nas calçadas os rodados dos carros de machos e os rebanhos, procissões de campainhas e chocalhos, passavam rua fora, alegrando as madrugadas.
Nas noites longas de inverno, à lareira ou à roda das braseiras, as mulheres mais velhas fiavam a lã áspera de ovelha churra, girando os fusos como peões suspensos entre os dedos mágicos. Outras faziam camisolas e meias de lã grossa, que os homens usavam com as botas cardadas de brochas, chispando nos seixos da calçada.
Em nossa casa, chorava-se pelos cantos, às escondidas. Que podia eu fazer, para além de aparentar boa disposição, não parecendo afectado pela próxima partida para a guerra. Olhando em silêncio para a fogueira que crepitava na lareira, pensava na forma de lhes minorar o sofrimento. As cavacas de pinheiro atiravam-me bocados da casca soltos pelo calor. Cismava: Como é que a gente se despede da mãe para ir para a guerra?"
(In
Bichos do Mato)
Nota: Em Bichos do Mato a ficção confunde-se com a realidade numa união perfeita, cerzida com um estilo sóbrio e elegante que nos cativa desde a primeira frase.
É uma história de homens comuns, jovens acabados de sair da adolescência, brutalmente lançados na fogueira da guerra colonial onde os seus destinos se cruzam e decidem em cenários extremos. Com eles embarcamos em paquetes de fachada, sufocamos na poeira das picadas e perdemo-nos sem esperança na escuridão das matas.
Heróis à força, arrancados aos nossos campos e cidades, lutam pela sobrevivência, prolongando sem querer a agonia de um sistema que os esquece sem remorso mal despem o camuflado.
É quase um relato que nos dá a espaços uma visão humanizada do jogo armadilhado da guerrilha, onde todos fazem de gatos e de ratos conforme a violência da surpresa e o terror do imprevisto.
Sem maniqueísmos nem excessos de violência literária, Bichos do Matos transporta-nos com naturalidade para a época e cenários da guerra colonial, reconstruídos com realismo e invulgar beleza literária.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Stress de Guerra


"O reconhecimento de deficiência incapacitante para os antigos soldados é um calvário. Passm por requerimento de queixa, por juntas de inspecção, por comissões de pareceres, por despachos sucessivos até chegarem ao veredito do Ministro da Defesa.
O tempo médio de espera para cumprir todos estes passos é de cinco anos e meio, com mais de metade do tempo passado na inquirição e de definição da classificação e o restante entre instâncias de verificação e homologação de procedimentos. " in Publica 30-01-2011

segunda-feira, 7 de março de 2011

Stress Pós-traumático – Guerra nunca mais sai do corpo



"Foi o contacto directo e repetido com situações de violência que marcaram estes homens, que não faziam uma guerra ofensiva e eram mais sujeitos a emboscadas e patrulhamentos. O stress de guerra não é fácil de diagnosticar e os estudos dizem que pode manifestar-se entre uma semana e 30 anos após o evento traumático. A lei portuguesa só em 1999 o reconheceu como doença, a geração que passou por ela está a entrar na reforma e a sociedade deixou de discriminar quem se queixava, sendo considerados factores favoráveis ao aumento de casos com esta doença".

quinta-feira, 3 de março de 2011

Angola – 1975 –Unidades Mobilizadas

Uma leitura do livro "Os Anos da Guerra Colonial" diz-nos que em 1975, das 21 unidades mobilizadas, Companhias de Cacadores, Cavalaria e Artilharia, 16 eram comandadas por Capitais Milicianos.

Ser´á que já não haviam capitães do Quadro Permanente?

É estranho tal ter acontecido num ano e pouco depois do 25 de Abril.

As idas foram entre os meses de Janeiro e Junho de 1975, sendo o regresso ao "puto" em Novembro do mesmo ano.

Curiosidades

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Zau Évua - capital do Bcaç2877

Por curiosidade, repescamos do livro  Os anos da Guerra Colonial - do quadro das Unidades Mobilizadas entre 1961-1975 as primeiras unidades que estiveram sediadas em Zau Évua.
Assim,  verificamos que a primeira unidade que se acantonou em Zau Évua  foi a CCav 1464, seguida  da CCav1466, que pertenceram ao BCav1868 e que estava sediado em Tomboco.
Na internet encontramos estas referencias sobre esse BCav: Veja aqui

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Zau Évua - fotos

Para ver com atenção estas fotos de Zau Évua e com aqueles que por lá ficaram depois de termos saído.

Ainda não conseguimos saber a companhia que lá ficou.

Vejam as fotos e comentem aqui.

O Teixeira – o Guia?

O Teixeira não era o guia da CAC2543 e 105?

Cremos bem que sim.

Numa das nossas pesquisas encontramos este pedaço de prosa, entre muitos outros que convidamos os nossos companheiros a lerem.

OO Teixeira era um resistente - antigo caçador, adaptou à guerra o seu domínio

Ao Anos da Guerra Colonial – 1961 1975

Adquirimos o livro "Os anos da Guerra Colonial".

Vamos fazer uma colectânea de mensagens sobre diversos temas que são tratados no livro, em especial dos que dizem respeito a Angola.

Apesar de tudo, continuamos na esperança de que alguns companheiros nos remetam fotos e algumas histórias, das muitas que todos temos, para que as possamos publicar.

Vamos aguardar

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Guerra de África - stress

Ao fim de 37 anos, depois de um milhão de soldados recrutados, 10 mil mortos e 30 mil feridos, o país contínua sem saber ao certo quantos antigos combatentes ainda vivem com doenças psicológicas. E descobre agora que muito menos sabe quantos ainda vivem limitados com ferimentos físicos.

Uma equipa envolvendo o Min da Defesa, Inst Superior Tecnologias Avançadas, Academia Militar, Escola Saúde Militar, Centro de Psicologia Aplicada do Exercito e o Arquivo Geral do Exercito e com elementos das áreas da psicologia, sociologia, direito, engenharia e economia, dedicou-se durante dois anos a este tema e encontrou uma realidade diferente da imaginada. O grupo partiu com a ideia de que a guerra colonial provocou níveis significativamente elevados de doença de stress pós-traumático crónico, em cerca de 15 por cento do total do militares expostos a combate.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Stress - A Guerra nunca mais sai do corpo

Repescamos do Jornal Publico - revista de 30 de Janeiro de 2011, um artigo extenso  que trata da  situação de stress dos antigos combatentes da Guerra de África.
Aconselhamos vivamente a leitura e análise das diversas situações de antigos companheiros de guerra que estão completamente votados ao abandono.
" ... Um estudo científico revela que a geração de soldados feridos em combate no Ultramar queixa-se muito mais dos estilhaços e menmos do stresss pós-traumático... "

domingo, 2 de janeiro de 2011

Jose Niza

Jose Niza escreve no  jornal O Ribatejano.
Aqui está uima passagem dum artigo naquele jornal onde fala de Zau Évua

"A outra carta é também de 1971 e foi-me enviada para Zau Évua, no norte de Angola: eu estava numa guerra a sério e não propriamente a apanhar sol nas praias do Musssulo…
Dizia-me ele – no seu delíro lúcido – que ia cantar a Angola e a Moçambique e precisava que eu o acompanhasse à viola.

Texto baseado numa carta que lhe escreveu Zeca Afonso para Zau Évua.
"E então, era assim: “Se quiseres aparece, o que me daria uma enorme satisfação”… “Se tiveres possibilidade tomas um táxi aéreo ou segues de avião para Sá da Bandeira. Basta-te reservar bilhete e ou paga o exército ou o Rádio Clube de Huíla. Vê se te safas.” E rematava: “Em Moçambique poderiam oferecer-te uma passagem, tocarias em Lourenço Marques e Beira! Que tal?” Como se vê, tudo fácil e nada mais simples: trocava a guerra pelas baladas e a tropa ainda me pagava as viagens! Ok chefe!" (O Ribatejo)