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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Lufico - testemunho

Testemunhos das terras por onde andámos...

"Recuar ao ano de 1966, para me situar naquele dia 9 de Maio na pequena mas linda cidade do Ambrizete, ali mesmo junto do Atlântico! Parecia um dia como tantos outros, não fosse ter na mão uma credencial passada pela minha Companhia de Engenharia, para logo pela manhã incorporar uma grande coluna de carros militares e civis, que daqui abalaria até à cidade de S. Salvador do Congo, lá mais no interior do norte de Angola. Era uma coluna de abastecimento para civis e militares, coisa já rotineira neste conflito, que era a guerra colonial.

Seguia comigo um outro camarada e grande amigo da Engenharia de nome Manuel Neto e que sempre me acompanhou desde a recruta em Paramos, até à mobilização e com quem fazia equipa nos trabalhos de electricidade, que haveria de ser necessário executar pela companhia durante os dois anos da comissão de serviço naquela colónia.
Era a primeira vez que iríamos deixar a nossa tropa da Engenharia, para um trabalho temporário, algures mais a norte, num local para nós desconhecido e que se chamava Lufico... Lembro-me perfeitamente, que ocupamos um lugar no mesmo carro, porque não conhecíamos ninguém da nossa tropa e até me recordo de ter aconselhado o Neto a não aceitar um melhor lugar num jipe, que, fora oferecido a um de nós pelo alferes - naquele dia sem divisas - da tropa do Lufico, um pouco antes da coluna arrancar do Ambrizete...
Esta grandiosa coluna seguiu intacta até ao Tomboco, e, aqui, a tropa do Lufico composta de cinco carros, separou-se para seguir rumo ao seu objectivo, que distava cerca de cem quilómetros, ou um pouco mais...
Faltaria pouco mais de trinta quilómetros para atingir o nosso objectivo e aconteceu um ataque-surpresa, montado bem perto da picada pelos guerrilheiros de um dos Movimentos de Libertação, que, no caso, seriam da FNLA ou MPLA, possivelmente, e que atingiu o jipe e um unimog, que eram a frente da nossa coluna militar. As baixas do lado da nossa tropa cifraram-se por alguns mortos e vários feridos, e, era a primeira vez, que tanto eu como o Neto, tomávamos contacto com a guerra de guerrilha e duma forma trágica para alguns daqueles jovens, e, vem-me sempre à memória, que, uma das baixas, foi precisamente o jovem maqueiro que aceitara o lugar que fora oferecido ao meu bom amigo Neto!..."

1 comentário:

caç4742/72 disse...

http://companhiacacadores474272.blogspot.pt/