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terça-feira, 3 de novembro de 2009

Zau Évua

Zau Évua - quem passou por lá, (1972) conta assim algumas das suas vivências

""Pois bem mano, irei seguindo as pisadas que neste teu blog vais deixando. E ao verificar mais este caminho, não poderei de nele deixar de caminhar. Como bem o sabes o meu percurso geográfico militar foi bastante diferente do teu. Não estive em Cabinda e na frondosa e quase inexpugnável floresta do Maiombe, como bem o relatas, mas sim em Zau-Évua, que na linguagem indígena local queria dizer 9 ELEFANTES, nº esse de elefantes que numa grande caçada em tempos bem remotos tinham sido abatidos pelos habitantes que outrora tinham habitado aquela zona e o local foi, devido a essa grande façanha, baptizado com o nome de Zau-Évua. Pois Zau-Évua ficava na linha Ambrizete/S.Salvador do Congo e ERA uma TERRA de ninguém. Um autentico deserto de vivalma, completamente isolada e com bastantes montanhas e capim. Um aquartelamento feito para acolher um batalhão ( 4 companhias mais o restante pessoal auxiliar) e apenas a CCAÇ 105/72 lá estava. Um autentico degredo. Contarei tb um episódio que agora considero "pitoresco", mas que na altura não foi. » Na primeira saída voluntária que fiz para uma patrulha de quatro dias, levei comigo, entre outras coisas, um cambalhotas ( aquele desdobrável em três e de espuma que por vezes se levava para a praia), dois alvos lençois e um pequeno travesseiro. Ainda não tinha perfeita consciência da razão da vida militar, da razão de para ali ter sido mandado, o que é que lá estava a fazer, etc.,etc.. Então logo que a noite "desceu" e tivemos ordem para acampar, aqui o rapaz, todo lampeiro, "escolhe" o melhor sitio possivel, abre e estende o cambalhotas, lençol por baixo, lençol de branco imaculado por cima, e toca a pensar em deitar-me (todo vestido e calçado). Ainda estava eu a pensar no deleite de uma noite deitado no mato com as estrelas por cima quando reparei que o pessoal estava com os "olhos esbugalhados" (embora fosse noite "via-se" o espanto nos seus olhares), a chamar o alferes que comandava o grupo e foi o bom e o bonito. Lançaram-se em cima dos lençois, rasgando-os em tiras, o cambalhotas andou aos trambolhões e eu feito "parvo" a ver aquela "fúria" toda. Conclusão, fiquei de castigo com dois turnos seguidos de guarda, embora mais tarde soubesse que aquilo havia sido apenas diversão, pois tinha um outro de guarda no segundo turno para o caso de eu adormecer. Ou seja, eu tinha estado a preparar-me para ser um perfeito alvo nocturno, sem que o "IN" precisasse de binóculos infravermelhos para localização. Foi um pagode nos dias que se seguiram e quando chegamos ao aquartelamento «. Mas Zau-Évua também foi um sitio de vivências. Um abração.   " Posted by: Leão.Verde at maio 16, 2005 11:20 PM

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